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As Marvels | Uma luta contra tudo e contra todos

As Marvels” estava destinada ao fracasso desde o começo. Não por causa de sua trama, seus efeitos ou seus atores. A produção irrita uma parcela gigantesca de pessoas que se dizem fãs, mas que na realidade disfarçam o seu preconceito através de análises rasas e simplórias. Ao invés de lutar contra eles, a Marvel Studios joga no time contrário e fornece mais munição para esse grupo que faz questão de comportar quase como neandertais

O grande problema de “As Marvels” é o seu bagunçado roteiro. Na trama, quando suas obrigações a levam a uma fenda espacial, os poderes de Carol Danvers (Brie Larson), a Capitã Marvel, se entrelaçam aos de Kamala Khan (Iman Vellani), a Ms. Marvel, e aos da sobrinha de Carol, a Capitã Monica Rambeau (Teyonah Parris). Juntas, precisam se unir para salvar o universo.

Com uma curta duração, há a sensação que muita coisa foi cortada, deixando tudo corrido e sem profundidade. A vilã interpretada por Zawe Ashton é mal desenvolvida e toda vez que ela aparece, é um tédio total. Muitas outras cenas (como o planeta musical) possuem ótimas ideias por trás, mas logo pulamos para outro arco e esquecemos totalmente do que passou, sem consequências. É o que ocorre, por exemplo, com o relacionamento entre Carol e Mônica. Há muita dor, mágoas e feridas em aberto. Só que o filme explora muito superficialmente tudo isso. 

O que realmente sustenta o filme é a diversão proporcionada. Semelhante ao que “Besouro Azul” apresentou alguns meses atrás, o longa usa Kamala e sua família de forma perfeita, proporcionando coração a trama que parecia ser rasa. O olhar em cada atuação de Iman é perfeito, honesto e contagiante, transmitindo carisma e proporcionando uma química incrível com Larson e Parris. Eu ouviria facilmente um podcast das três conversando.

A direção de Nia DaCosta é bem satisfatória. Ela consegue pegar um roteiro ruim e proporcionar ótimas cenas. Apesar de não ter gostado de todas as partes envolvendo Goose, o modo como a fotografia aliado a trilha sonora expõe as suas situações, é muito divertida. Além disso, todas as cenas de ação, envolvendo a troca das personagens, é empolgante, fazendo com que quiséssemos ver cada vez mais. 

Ao final, “As Marvels” é um filme episódico, sem grandes consequências, mas com muita diversão envolvida e que me deixou com um sorriso no rosto do começo ao fim. Ele está longe de ser perfeito, mas é um entretenimento que cumpre o seu papel. Infelizmente, seu fraco roteiro (que claramente foi alterado inúmeras vezes) servirá de munição para aqueles que não aceitam inclusão. Um filme estrelado por três mulheres, onde entre elas temos uma muçulmana e uma mulher preta, é quase como a morte para quem ama apenas ver homens brancos sarados na tela do cinema. A Marvel erra ao dar munição para essas pessoas. 


Nota: 7/10

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